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quinta-feira, março 22, 2012

fadinho dos aromas/ do verso burlado (fado dois tons ou talvez não) — rascunhos

é sejam.
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(primeira versão)
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trago comigo varandas
nascidas na casa velha
junto às dálias e ao jasmim,
crescidas no meio da Estrada (1,2)
onde abrigo este destino (1,2)
vindo da sombra para a paz. (1,2)
.
comigo trago varandas
recatadas mas vistosas
abrigadas pela calma
onde acalmo o que não sigo (1,2)
e, o que persigo, guardo (1,2)
e abrigo de outras demandas (1)
dos desabrigos onde andas. (2)
.
comigo: varandas trago
janelas arcos sacadas
por assomar ou viver
por abrir: suaves janelas (1)
de assim sermos, só aromas (1)
entrelaçados nos gestos(1)
de assim sermos, só aromas (2)
varandas frescas e francas (2)
guardadas, para ti, por mim. (2)
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(segunda versão)
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trago comigo varandas
crescidas no meio da estrada
nascidas na casa velha
junto às dálias e ao jasmim, (1,2)
onde abrigo este destino (1,2)
vindo da sombra para a paz. (1)
trago comigo varandas (2)
.
comigo trago varandas
recatadas mas vistosas
abrigadas pela calma
onde acalmo o que não sigo (1,2)
e onde, o que persigo, guardo (1,2)
e abrigo de outras demandas (1)
dos desabrigos onde andas. (2)
.
comigo: varandas trago
janelas arcos sacadas
por assomar ou viver
por abrir: suaves janelas (1)
de assim sermos, só aromas (1)
entrelaçados nos gestos (1)
de assim sermos, só aromas (2)
varandas frescas e francas (2)
guardadas, para ti, por mim. (2)
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(terceira versão)
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trago comigo varandas
crescidas no meio da estrada
nascidas na casa velha
junto do jasmim, das dálias, (1,2)
onde abrigo este destino (1,2)
vindo da sombra para a paz. (1,2)
.
comigo trago varandas
vistosas mas recatadas
abrigadas pela calma
onde acalmo o que não sigo,
onde guardo o que persigo
e abrigo de outras demandas (1)
onde guardo o que persigo (2)
e te abrigo de outras demandas: (2)
os desabrigos onde andas. (2)
.
comigo: varandas trago
janelas arcos sacadas
por assomar ou viver
por abrir: suaves janelas (1)
de assim sermos, só aromas (1)
nos gestos entrelaçados (1)
de assim sermos, só aromas (2)
varandas frescas e francas (2)
guardadas, para ti, por mim. (2)
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(quarta versão)
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trago comigo varandas

crescidas no meio da estrada

nascidas na casa velha

junto às dálias e ao jasmim

onde abrigo este destino

vindo da sombra para a paz:

varandas para ti de mim

onde abrigo este destino
voltado para a flor da paz
varandas para ti de mim


comigo trago varandas
vistosas mas recatadas
comigo trago varandas
recatadas mas vistosas
abrigadas pela calma
onde guardo o que persigo
e onde acalmo o que não sigo,
onde, o que persigo, guardo e
te abrigo de outras demandas
dos desabrigos onde andas.

varandas trago comigo
janelas arcos sacadas
por assomar ou viver
por abrir: suaves janelas
entrelaçados nos gestos(1)
de assim sermos, só aromas (1)
nos gestos entrelaçados (1)
de assim sermos, só aromas (2)
varandas frescas e francas (2)
guardadas, para ti, por mim. (2)


(Fado 'Dois Tons' — Música de Alberto Lopes)
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde, 22-25 Março 2012.
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fadinho do verso burlado



(quinta versão)

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não me saem da cabeça
dois versinhos de uma letra
que fizeste para fado:
' levo aos ombros as esquinas
  trago varandas no peito'
— mas que versos bem esgalhados!

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por serem dois belos versos
trazidos pela mestria
que te é própria, ó Ary,
não me saem da cabeça
desde esse primeiro dia
quando, cantados, os ouvi.


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e nem só estes! lembro, antes,
muito verso apaixonado
à tua amante Lisboa;
mais tantas fotos cantantes
do povo bem retratado
pela tua voz que, ainda, ecoa.

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Zé Carlos, tu, não podias
lá por seres, também, 'dos Santos'
enganares teu portugal:
se casaste com a Poesia
asumiste em todos os cantos
seres amante da capital.

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meu querido Poeta amigo
caído no crime antigo,
fosse esse só o teu pecado!
mas, à amante e à amada,
somaste outro carinho e
foste mal interpretado.

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para falar com clareza,
tua vida foi uma aventura
de amorosa trilogia:
à Lisboa e à Poesia
juntaste — e ainda dura —
amor à alma portuguesa.

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nem sei que mais confesse
e nem porque aqui cheguei
entre ideias encadeadas
a verdade é que me parece
dos versos, por onde entrei,
serem ideias roubadas.

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isso mesmo! digo e redigo
dos ombros com as esquinas
e das varandas no peito.
das esquinas?! faço eu leito
e as varandas floridas?!
ó Ary, trago-as comigo!

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que seja menina e moça
a branca cidade branca
é mister que não contesto.
que os azulejos de louça
sejam banda desenhada
é lição que jamais esqueço.


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posso mesmo admitir
que a feira da ladra nova
seja o reduto dos cravos
floridos no mês de Abril
promessas, de cujo travo
avisaste atraso e demora.


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como até ainda me encanta
'o amarelo da carris'
e o tal 'barco de brincar'. 
aliás já nem me espanta
haver náufragos viris
e varinas a apregoar.

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agora quanto às varandas
vistosas mas abrigadas
é onde guardo o que sigo
e abrigo de outras demandas,
pela calma recatadas,
e acalmo o que persigo.


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varandas trago, te digo,
janelas arcos sacadas
por assomar ou viver
trago janelas comigo
por abrir, entrelaçadas 
nos gestos de assim me ser

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janelas frescas varandas
enlaçadas à loucura
moldam-me os gestos que lavro
varandas sacadas francas
temperadas aberturas
pátios simples átrios adros


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trago janelas temperadas
dos desabrigos guardadas
e protegidas, enfim
trago varandas rasgadas
destemidas destinadas
ao amor dele que vive em mim.


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assim, dói-me o coração
pois, Ary, o tal versinho
que consta desse teu fado
assim, dói-me o coração
pois, Ary, o tal versinho
no teu tão grande poemário
('levo aos ombros as esquinas
trago varandas no peito')
é o meu verso apaixonado,
('levo aos ombros as esquinas
trago varandas no peito')
não me calo: foi-me roubado!
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(Fado 'Dois Tons' ??? — Música de Alberto Lopes???)

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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde, 22-25 Março; 5-6 Abril/ 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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