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venho — agora mesmo
mesmo —
venho a chegar da Lua.
demorei-me imenso
muito
muito mais do que
contava
com tantos tantos
caminhos
várias vezes hesitei e
fiquei a contemplar
demorada me deixei
encantada por ribeiros
brilhantes, por marés
frescas,
morros desassossegados
e / intangíveis matérias
linhas de horizonte
sem limite nem poisos certos
fartas nuvens
incabíveis na lisa prosa diária
animais frescos e
exóticos com asas plumas e tranças
ciosas ancas, generosas de tempos e óleos lentos
inesperadas cinturas
pujantes a ser entrega
e aves, aves planando.
ou só o pousar do branco.
agora agorinha mesmo
acabei de chegar da Lua.
e embora em silêncio
escutas-me
e alcanças-me em vibração
e ao ritmo do andar.
a tábua, em oscilação
suave
confirma véus, sela a
verdade
da palavra, a
claridade imprudente mas majestosa
que, insidiosamente,
dás sempre que estás.
eu — que chego da Lua
onde me demorei tanto
a contemplar o incerto
poiso de fartas
cinturas
as cinturas da entrega
ligadas a asas e ao vento —
eu, em silêncio,
reparto
este pão de
encantamento
onde os astros da
galáxia
nos fundiram sem
contratempos.
venho — agora mesmo
mesmo —
venho a chegar da Lua.
demorei-me imenso,
muito
muito mais do que
contava
e embora em silêncio
escuto
e alcanço-te, meu
coração.
guarda-me desassossegada
no encanto lento à beira-amar.
no encanto lento à beira-amar.
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde,
24-26 abril / 2012.
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