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Baseado no trabalho disponível em http://sulmoura.blogspot.pt/.

quinta-feira, abril 26, 2012

correios — 19.


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venho — agora mesmo mesmo —
venho a chegar da Lua.
demorei-me imenso muito
muito mais do que contava
com tantos tantos caminhos
várias vezes hesitei e fiquei a contemplar
demorada me deixei encantada por ribeiros
brilhantes, por marés frescas,
morros desassossegados e / intangíveis matérias
linhas de horizonte sem limite nem poisos certos
fartas nuvens incabíveis na lisa prosa diária
animais frescos e exóticos com asas plumas e tranças
ciosas ancas, generosas de tempos e óleos lentos
inesperadas cinturas pujantes a ser entrega
e aves, aves planando. ou só o pousar do branco.
agora agorinha mesmo acabei de chegar da Lua.
e embora em silêncio escutas-me
e alcanças-me em vibração
e ao ritmo do andar.
a tábua, em oscilação suave
confirma véus, sela a verdade
da palavra, a claridade imprudente mas majestosa
que, insidiosamente, dás sempre que estás.
eu — que chego da Lua
onde me demorei tanto
a contemplar o incerto
poiso de fartas cinturas
as cinturas da entrega ligadas a asas e ao vento —
eu, em silêncio, reparto
este pão de encantamento
onde os astros da galáxia
nos fundiram sem contratempos.
venho — agora mesmo mesmo —
venho a chegar da Lua.
demorei-me imenso, muito
muito mais do que contava
e embora em silêncio escuto
e alcanço-te, meu coração.
guarda-me desassossegada
no encanto lento à beira-amar.
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde, 24-26 abril / 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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