.
.
.
se bem reparei
(a imagem é fosca)
haveria, ali, um lugar
onde se sentaria
quieta
quietinha
ali, a vida aquietada.
se bem vi
(a imagem é parda)
o ângulo de abertura
é o previsto
manual de instruções
dia-a-dia.
se bem percebi
(a imagem é antiga)
zela pelo enquadramento
uma comum moldura
pura mas previsível.
— pelo menos foi o que entendi do que anexaste.
só mais uma coisa, antes de enviar este correio:
lembra-te, sempre e serenamente:
o destino é uma invenção da prosa.
o cosmos nunca pára de rodar.
a beleza recria-se no silêncio.
a verdade de uns é falsa para outros.
o tempo não existe nem avança.
as algas habitam os corpos sábios.
o coração da chama sabe voar.
a cada fala corresponde seu estar.
o verso branco não tem rima par.
a alegria é volátil e intangível.
a vida perturba mesmo o bolor.
o desejo refaz as convenções.
a ternura sobrevive ao habitual.
o cereal vive ao sol e ao ar.
o mar avança por portos e areais.
o destino é uma invenção da prosa.
o verso branco não tem rima par.
a saudade pode também ser recatada.
o lado de fora oculta a face sóbria oculta.
a linha recta só morre no infinito.
a distância é amiga da intimidade.
há tantas marés quantas artes de marear.
das missivas tem de constar o endereço certo.
por mais caminho andado há sempre passos por amar.
.
nb: para bem de tudo e todos
por cada asa por cada borboleta
respira fundo, alonga o olhar.
solta os medos. ama o sonhar.
.
.
.
maria toscano.
em Coimbra. (C)asa Verde, 11-12 Abril 2012.
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se bem reparei
(a imagem é fosca)
haveria, ali, um lugar
onde se sentaria
quieta
quietinha
ali, a vida aquietada.
se bem vi
(a imagem é parda)
o ângulo de abertura
é o previsto
manual de instruções
dia-a-dia.
se bem percebi
(a imagem é antiga)
zela pelo enquadramento
uma comum moldura
pura mas previsível.
— pelo menos foi o que entendi do que anexaste.
só mais uma coisa, antes de enviar este correio:
lembra-te, sempre e serenamente:
o destino é uma invenção da prosa.
o cosmos nunca pára de rodar.
a beleza recria-se no silêncio.
a verdade de uns é falsa para outros.
o tempo não existe nem avança.
as algas habitam os corpos sábios.
o coração da chama sabe voar.
a cada fala corresponde seu estar.
o verso branco não tem rima par.
a alegria é volátil e intangível.
a vida perturba mesmo o bolor.
o desejo refaz as convenções.
a ternura sobrevive ao habitual.
o cereal vive ao sol e ao ar.
o mar avança por portos e areais.
o destino é uma invenção da prosa.
o verso branco não tem rima par.
a saudade pode também ser recatada.
o lado de fora oculta a face sóbria oculta.
a linha recta só morre no infinito.
a distância é amiga da intimidade.
há tantas marés quantas artes de marear.
das missivas tem de constar o endereço certo.
por mais caminho andado há sempre passos por amar.
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nb: para bem de tudo e todos
por cada asa por cada borboleta
respira fundo, alonga o olhar.
solta os medos. ama o sonhar.
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maria toscano.
em Coimbra. (C)asa Verde, 11-12 Abril 2012.
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