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sábado, abril 14, 2012

correios — 7.

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tudo é possível pois nada é impossível
nada limita o eterno e o infindo
curso do tempo em ínfima ínfima pausa
curso do tempo ou rio por onde cresço.
tudo e nada pois as palavras, se bem que fadas
no fundo não significam nem substituem
a verdade enraizada no ar
a saudade a memória do que arde.
nada e tudo amplíssimo verbo
conjugação em gerúndios populares:
de todo o tudo que pode e sempre o foi
de cada nada impossivelmente vazio
sondo a esfera o vértice a espada e a rosa
afino o canto de algum cisne que me habite
um dia.
das palavras cuido aliso falhas
limo arestas restos sílabas raspas.
das fadas do verso branco
das palavras
até da cadência de ritmos e entoações
posso abrir mão, que é como quem diz
afastar-me.
descansar noutro leito,
outro vai desejar-me.
tudo é, pois, possível, pois nada consente
apenas num ínfimo gesto que me mata:
acatar e pousar-me refém do enquadramento
acomodar-me entre o bolor e a prosa.


não significam nem substituem — as palavras —
a verdade enraizada no ar
a saborosa precisão do que arde.
nada e tudo amplíssimo verbo
conjugação em gerúndios populares:
de todo o tudo que pode e sempre o foi
de cada nada impossivelmente vago
refundo o sonho alço-me em lisura, em espada 
desabrocho meu puro peito de jasmim e rosa
e, para que o canto nunca se desafine
nem confine ao pardo fim embaciado
posso partir, pausada, meticulosamente:
pois tudo é possível e nada é impossível
pois nada limita o eterno e o infindo
curso do tempo em ínfima ínfima pausa
curso do tempo ou rio por onde cresço
livre verso onde respiro e ardo enquanto amo.
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde, 14 Abril 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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