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sábado, abril 14, 2012

correios — 8.

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no dia em que eu te disser que parto
o que tens de fazer é dizeres-me, bem sei,
já mo tinhas dito, amor, num certo verso.
no momento em que, há-de, chegar a hora
de te soltar de vez livre a voar
de te entregar de volta à casa mãe
meu amor, podes, até, respirar fundo
baixar um pouco a cabeça, rodando-a sobre ti
podes fixar o olhar no longe ponto distante
que é o mais fundo que encontrares em ti,
podes estremecer — mas pouco, amor, e sem demoras
nem dramatismo alheio àqueles cujos dias
devem ser devotados e enternecidamente
dedicados às artes das esferas e esquinas.
podes, meu amor eterno e de até sempre,
podes sentir algum arrepio na nuca
uma tremente veia descendo-te em ombro
em antebraço até ao punho anónimo
onde não ponho mais advérbios nem adjectivos
porque, venho avisando, as palavras não evitam a pulsação.
nesse dia na hora e no pleno momento
— queira o acaso, se nos destinámos cumpri-lo —
no preciso instante e vez de me despedir de ti
peço-te, amor, apenas isto te peço:
guarda as virgens águas que te hão-de invadir
abraça as águas roucas que te vão magoar
cala-as no sítio onde o sal, amargo, devém pranto
mesmo que nem percebas a razão do leito / húmido e quente a marejar-te as formas.
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no dia em que eu te disser que vou de vez
vais dizer-me, bem sei, sei bem, amor meu
já mo tinhas dito, meu amor, num verso certo.
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde, 14 abril / 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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