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terça-feira, abril 10, 2012

fado à tua chegada em 7 estrofes


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avisar da palavra improvável
passagem temporária entre vidas
abordar o agora sem horizontes
destemido a brincar com a fantasia.
avançar pelo horizonte impensável
e aliar o agora ao eterno sem noite ou dia.

avisar: amor meu, assim te amo.
nos desvios. nos gestos reservados.
no resistir a trilhos e caminhos
resistir favorável do imprevisto
feliz e abençoado descaminho
floração favorável dos amados.

meu amor meu amor, assim te amo.
e frágil sinto tudo sempre pouco
no nosso corpo, o nosso universo,
habita o poema da pura alegria,
no mundo inteiro e, inteiro, neste verso
sagra-se o mundo na nossa poesia.

avisar da suavidade contida
em cada anca comovida ao tocar.
avisar que o soalho é uma surpresa
alinhando os abraços e o suspirar.
inventar em cada abraço a beleza
e desalinhar o soalho ao passar.

avisar quanto aos telhados frementes
e das inquietas paredes e arcadas
das irrequietas portas e janelas
avessas à devassa do olhar
que, agora, vacilam de perturbadas
pelo sentir o gemer e o cativar.
  
resguardar também os peixes, as algas
guardar o murmúrio de qualquer onda
junto aos segredos entre as tuas margens
em cada tua mão a devir vaga,
meu amplo amor de acesas miragens:
búzios conchas marés da madrugada.

sibilos guardar. acenos. sigilos.
apaixonadamente, até ao fim,
roçar clamar suspirar em silêncio
suster o ar até a cor explodir
abrasar o desejo e desejar
nunca mais ter de esperar mais por ti.
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Música: Júlio Proença (Fado Esmeraldinha).
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maria toscano.
Coimbra, ‘jardim da manga’ Restaurante. 9 Abril / 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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