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tropeço-me nos cheiros que verteste
e ungiram meu leito meu silêncio;
tropeço-me em tranças, brancas tranças
que cresceram de teu peito para mim;
tropeço-me nas brancas cores brancas
de luz que respiraste, de momentos;
tropeço-me nas águas de olhos de água
e num rubor de infância, rubor carmim.
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tropeço-me nas esquinas lisas lisas
do corredor, sereno do intenso
(bis)
tropeço-me em cortinas claras claras
cristais da prometida distância,
tropeço-me, enredo-me em teares
que bordam minha sala de infância
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tropeço-me nas fugas fugitivas
a teu encaracolado peito,
tropeço-me no que calaste, ouvi,
no que calaste com pranto, meu deleito
e, desarvorada, neste remoinho
entrego-me a novos cheirinhos
desarvorada, neste remoinho:
outros laços em pétala, novo caminho.
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Música: Alfredo Marceneiro ('por morrer uma andorinha'. Versículo)
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maria toscano.
In A Utopia da Coragem. Viseu: Palimage, 1999: 15.
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