.
.
.
enquanto as pessoas ansiavam pela
noite
a maré veio banhar-se, indiferente
ao estado do horizonte e seus
oceanos.
passo ante passo desceu pelo areal
e sentou-se à beirinha do
pôr-do-sol.
ali apreciava melhor
os regueiros fininhos que, a pouco
e pouco,
rondam e abraçam areias húmidas
tomando-as — o mar — só para si.
rápida, a húmida ondulação
assenhoreia-se das ilhas breves
e estende-se estende-se, preguiçosa
e abriga-as até ser alvorada.
a maré, indiferente às horas
e ao estado dos oceanos envolventes
descalçou os poucos, os entretantos
despiu-se de nuncas e impossíveis
dispensou a avidez congelada
e os medos esverdeados do verdete.
afinal, pensava, toda a sua vida
escorrera da nascente àquele poente.
saboreou a sábia saliva
pestanejou
e, devagarinho, entrou no meigo mar
devagar e de mansinho
para que nem a temperatura
nem o abrir das braçadas
o afugentassem, nunca mais, do seu
balanço
— o baloiço
de um swing doce e subtil
só exclusivo de marés encantadas.
.
.
.
maria toscano.
praia da
Tocha. 5 Maio / 2012.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário