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1.
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nada move mais do que uma boca
cuidadosa no afagar da língua
curiosa e cativa do silêncio
ávida dos azedos e doces condutos a que chamamos vida.
nada move mais do que a precisa nomeação da espécie origem tribo
a emergência do polegar ou da porta
o desenho redondo até rolar
rédeas cruéis a manejar escravos
a chafurdar nos ventres polidos entre copas e oceanos
rédeas espojadas pela areia brava as searas amplas as casas brancas
nada. nada move mais o medo e o bafio
do que o respirar concreto das reais vidas
curiosas e cativas do silêncio, o resguardo da memória
curiosas e cuidadoras da língua, semente da revolta
nada move mais o bafio nem o medo do que essa boca
autora do grito indignado
senhora da esperança impassível
boca dos gestos perenes com os que se sela a coragem
cuidadosamente afagada pela língua
comum dos que renegam a servidão.
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2.
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2.
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde, 1 Maio/2012.
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