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quinta-feira, junho 14, 2007

«Enquanto lavro o corpo...», Augusto Mota (inédito)

Enquanto lavro o corpo da manhã o Sol, em cio, cavalga
um cão de fogo por entre nuvens afiladas e a construção
de cidades adivinhadas. Bem perto, porém, há o rodopiar
incessante do disco rubro que agora se estampa em
nosso olhar. Vemo-lo para além das nuvens. Vemo-lo em
cima e para além deste corpo que se adelgaça no esforço
de transportar o astro-rei a caminho de outras galáxias
bem mais perto de nós.
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Rítmica é a sensação do sexo em desespero perante a
ingenuidade artesanal do olhar, firmeza da mão, o gravar
da matéria.
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Assim se constroem as nossas cidades interiores, que ora
são corpo de mulher, ora vielas estreitas por onde
vagueamos a tristeza e as mãos vazias de tudo.
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As colinas ao longe agridem o espaço como justo
contraponto a este paroxismo de dor e de prazer.
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Deixemos as coisas acontecer ao ritmo do tempo que
tomou conta do nosso acaso. .
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. Augusto Mota, inédito, in "Geografia do Prazer", 2000.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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