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segunda-feira, dezembro 05, 2005

Depoimento sobre "a Utopia da Coragem"

Depoimento do Prof. Doutor José Carlos Seabra Pereira (por se encontrar ausente no estrangeiro)

."Por entre dissonâncias vocabulares e imagens desconcertantes, por entre achados de deslocação perceptiva (como no leitmotiv « sento a alma à janela » , ou quando « um relógio de madeira encera o Tempo » ), na busca - ainda nem sempre bem sucedida - de soluções de síntese expressiva, de sugestões aliterantes, parenemásicas e metagráficas, leva-nos Maria Toscano da utopia da Coragem à coragem da Utopia.

.Assim nos convoca para a recusa de « adiar a pessoa em cada pulsar / do centro inscrito, mural do amor » .

.Assim nos empolga no compromisso de não abdicarmos da força para perseguir uma ideia que é, por enquanto, maior do que nós, mas que já começámos a merecer porque apaixonadamente a concebemos, a amamos e a fazemos irradiar na Cidade - pela « Coragem do Falar, / Vontade da Revolução / Profunda , Intensa e Premente ! » .

.A utopia da coragem não é, na poesia de Maria Toscano, nem quimera compensatória, nem fantasia evasiva, disfarçadas de intervenção subserviva.

.É, antes, a exigência de integridade vertical em tempos pardos de almas amolecidas - para que possa reinstaurar-se a coragem da Utopia.

.Não falta, é certo, a hora do « Recosto-me na esplanada da vida » .

.Mas, mesmo então, é de inconformismo que se trata - frontal inacomodação à « horinha funcionária da vidinha » .

.Perante as novas alienações que cativam a nossa época de normalização consumível, este grito revel da poesia de Maria Toscano não se fecha decerto àquele « halo de companhia » que envolve quem chega « pela calçada... ».

.Ao contrário, deixa-se habitar por ele, « na luz pouca » , « espreitante » , ao rumor de « oculta voz de sapiências » .

. Nem se faz tão engagé na circunstância que descure a interiorização da « Fala do Manuscrito» - aquela inalienável vivência que « nos seios, nos côncavos de nós / nos mais íntimos e líquidos abrigos / deposita [ ... ] a Fala do não dito » .

insatisfeita e feliz / habitada do ainda não » , esta poesia não desterra a vontade de doação, a vocação amorosa.

. Mas determina que « o manuscrito da ENTREGA » seja endereçado « alto Muito » ...

.Por isso, « insatisfeita me vivo ...», diz a poetisa.

.Por isso, « a funcionária sorriu-se da urgência / outros pestanejam cumplicidades. ».

.Que importa ? ! - « insatisfeita e feliz / habitada por estrelas » , continua a vir até nós a poesia fecunda de Maria Toscano. "

José Carlos Seabra Pereira, 20 Fev./ 2000

Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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