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nesta estação de pedra
cheira a goteiras
chorosas
pelos cravos e as malvas.
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ervas danam o lastro
da água doce
do leito da esperança
amealhada
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nesta estação de pedra
só há coisas.
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nem as águas de sal salvam os vermes
padroeireos do caruncho
do bolor.
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oxalá o rio novo não esmoreça
e deleite, encorpado,
os pardais.
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nesta estação de pedra
abandonada
esquecida, a esperar,
uma raiz
ensina a quem passa
o que é o sonho.
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haja quem passe e saiba
aprender.
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nesta estação de pedra
houve um tempo
apertando no peito o reencontro
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houve um imberbe tempo
exigindo
a partida implacável
e urgente
de casa de pais secos
de velhice.
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houve um tempo angustiado
de quem chega
sem presentes nem flores
no fato preto.
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houve um tempo inconstante duvidoso
de amantes
descaradamente secretos
a exalar o desejo ao passar.
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houve um tempo.
mas as coisas cá estão.
perenes.
na pedra da estação.
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maria toscano
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Coimbra, 21 Set / 2007 (inédito)
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2 comentários:
O espírito dos lugares, só o encontra quem sabe! É sempre um grande desafio, e quem o pode quem é?
Sim, é louvor, eu louvo sempre aquilo
que aprecio,e quem procura...
um abraço do zé marto
(bem sei!)
thanks! irmão!
ABRAÇÃO!
bjs
manat
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