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quarta-feira, maio 14, 2008

versos que nem alcanço mas sei - maria toscano

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é de águas o verso liquefeito
que me foge nunca atinjo não domino
escorre ao ritmo das ausências
inocentes
das presenças de quem está sem o saber
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das voláteis escorreitas horas ténues escorre o verso que não chego a escrever.
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é de águas.
e ventos nas ramas verdes.
águas onde o barco poisa. e a montanha.
verde verde que te quiero, cavalinho.
e a cigana que também verso sei.
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é de águas e da claridade ao norte
onde as asas atravessam a mensagem
branca. juncos. a da mãe. e a da mãe.
verso limpo. não o atinjo. mas sei.
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é de águas e figuras soberanas
pela voz da bela e dolorosa
onde também o mar era o horizonte
verso sábio. não o alcanço. mas sei.
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é de águas o continuado poema
de quem traz a luz do sul para a cidade
enigmática mestria incessante
mestria em contínuo verso. leio e sei.
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é de águas rochosas, agrestes palavras
montanhosas. narração do mundo cru.
homem hirto, atento poeta aflito
verso em torga que não cobiço nem invento. mas sei.
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é de águas em nomes multiplicadas
em perfis em poetas em personas.
mago. magistral escrevente do cosmo pátria
portuguesa água que escuto. que sei.
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é de águas e da ousadíssima fala
erotismo da brava fêmea divina.
versos que hoje se calam. nunca esqueci.
pitonisa da palavra. bem o sei.
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é de águas e da lusíada traça
o imponente verso a perdurar no tempo
grande arguente escriba de identidades
do poema a que não chego. mas sei bem.
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maria toscano
coimbra, Jardim da Manga, 5 Set /2007

Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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