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sexta-feira, junho 06, 2008

O irrealismo poético ou a poesia como mito - Eduardo Lourenço

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“A Poesia como reino preservado da revoluçäo permanente da realidade, a Poesia como “em si” e os poetas deuses-pastores desse novo Trianon säo uma ficçäo. A tentaçäo é permanente de trocar os pés de argila pelas asas de plástico, mas o voo é imaginário. O mundo onde passeiam é uma “noutra parte”, uma “transcendência” ilusória, cujos muros säo palavras magníficas mas exangues por terem perdido o contacto com o mundo como eles mesmos o perderam.
(...)
A Poesia pode ser descrita como “encarnaçäo sensível do Infinito no infinito” com uma condiçäo: a de näo fazer um em si, um Objecto, mesmo pensado como Deus, desse famigerado Infinito, mas de ver nele apenas o que ele representa para nós, a saber, “a própria existência humana, inobjectivável em sua essência”. Absurdo e inútil buscar no espaço a intuiçäo sensível para preencher o conceito de Infinito. Ela está mais próxima, täo próxima que näo pode distinguir-se e o que nós chamamos vida humana é a face externa dessa realidade näo-finita que nós somos. Esta näo-finitude é todo o seu conteúdo. Designá-la como Infinito é já perdê-la. A Poesia exprime essa aproximaçäo de nós mesmos que jamais pode ser perfeita por definiçäo. Mais poético, mais real.”
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Eduardo Lourenço, “O irrealismo poético ou a poesia como mito”. In Tempo e Poesia.
Lisboa, Gradiva, 2003: 57-66.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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