Talvez o vinho traga
da pedra
o cheiro da erva
e o vento das encostas.
Talvez o vinho traga
do gado
o olhar fundo e bravio
e se sonhe água fria e breve,
nuvem vinda lá do rio.
Talvez o vinho traga
das laranjeiras
o porte das raizes
fundas e tardias.
E mouras
de guerras brandas
descalças todos os dias
chorem demoradas nas estradas
o silêncio do gado ausente
em pranto ou alegria.
Talvez o vinho traga
outras guerras
outros véus.
Talvez o vinho traga
das laranjas
maio e chuva
e prenda à cercania
o olhar do próprio gado
e descalças estas mouras
sonhem água farta e fria
talvez o vinho guarde
do olhar mouro as espadas
e do cristão as mesmas armas.
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de O longínquo privar dos dias (Inédito).
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