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haverá uma surpresa um instante
entremeado por um sorrir menino
o roçar de uma orelha, de um nariz,
leve
som de guizos a tocar sentidos.
haverá um arpejo delicado
talvez sussurro doce lábio
delicado,
doce sussurro do sal
abrindo recantos da casa onde nascemos.
haverá um corredor dançado em valsa
cortina, alguma. uma esquina
— e uma esquina —
um vão de escada onde será roubado um vaso
a borda da lareira
tal emoção que foge a nomes
vai cercar de ambiciosos medos
amplos fabulosos
num jorro,
o arrepio à flor
a pele
estremecerá
o império da razão.
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haverá um ramo de orquídeas
e buganvílias
malmequeres todos pares e amarelos
haverá brisas sem mar ondas sem rimas
— poesia: imanente. perdurará.
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hastes da velha cruz darão
agora
certeiro abraço de iluminadas mãos.
rasos, os olhos, na mansa ternura
outra vez haverá.
perdurarão.
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haverá, talvez, também fumo de chá
ao dobrar daquela esquina
e a rima não mais for pequenina.
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maria toscano,
Coimbra, ? / 200?
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