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quinta-feira, maio 14, 2009

Affonso Romano de Sant'Anna - Rainer Maria Rilke e Eu

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Rilke
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quando queria fazer poemas
pedia emprestado um castelo
tomava da pena de prata ou de pavão,
chamava os anjos por perto,
dedilhava a solidão
.................... como um delfim
conversando coisas que europeu conversa
entre esculpidos gamos e cisnes
.................. - num geométrico jardim.
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Eu
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...... moderno poeta, e brasileiro
..... com a pena e pele ressequidas ao sol dos
........ trópicos,
..... quando penso em escrever poemas
....... - aterram-me sempre os terreais problemas.
...... Bem que eu gostaria
...... de chamar a família e amigos e todo o povo
...... enfim e sair com um saltério bíblico
...... dançando na praça como um louco David.
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Mas não posso,
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...... pois quando compelido ao gesto do poema
...... eu vou é pegando qualquer caneta ou lápis e
............ papel desembrulhado
...... e escravo
...... escrevo entre britadeiras buzinas seqüestros
................ salários coque'teis televisão torturas e
............... censuras
...... e os tiroteios
............. que cinco vezes ao dia
............. disparam na favela ao lado
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...... metrificando assim meu verso marginal de
............ perseguido
...... que vai cair baldio num terreno abandonado
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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