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Baseado no trabalho disponível em http://sulmoura.blogspot.pt/.

sábado, maio 15, 2010

aula prática

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"beija-me as mãos, amor, devagarinho" - Florbela Espanca
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poder tomar as tuas mãos nas minhas
acolhê-las, docemente, sem remorsos
assim só, com a ternura que a idade
me vem abrindo ensinando consentindo.
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poder tomar, entre as minhas mãos, as tuas.
pausadamente.
sem outros arrepios que os da pele.
segurar com firmeza a tua candura
embalar, solidária, essa tristeza
para que não volte mais a converter-se em amargura.
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é desta fé que se fazem os milagres.
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é deste gesto de colo que emana o fundo verso.
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é desta surda e louca maré incansável
que brotam os amores e as paixões imortais.
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frágil o tacto intenso toque. íntimos febris.
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ah poder vestir-me com o menino que te habita
escorregar pelo corrimão da compustura
correr de braços abertos por entre o vento
ganhar a velocidade da vida-luz
e reatar o meu diálogo com as luas
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vibrar em cada estrela
latejando.
meu corpo em espasmos reinventando os céus.
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confiar-me à nortada
e ser-lhe o sul
para onde sopra,
em ânsias,
apaixonada.
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esvoaçar-me em poros de árvores e pássaros
quando as asas transparentes se desfraldassem
com o febril enlace dos nossos corpos sábios.
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acolho as tuas mãos nas minhas. sem susurros.
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a esta página ensinamos, docemente,
docemente ensinamos a loucura da paixão.
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maria toscano
12 Maio/ 2010.
Pastelaria "Flor de b"
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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