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1.
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longe e saudosa, a tua mão,
pai.
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rugosa da terra das vagens
e das vagas humanas de arrogância
e pólvora impunes.
longe e saudosa
a tua voz
pai.
guardo-ta na letra
cúmplice
do poema.
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2.
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nesta época de irmos
ao musgo
impões-te mais.
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vamos até às bermas da cidade
andando
comentando folhas cascas
de árvores
raízes
— poemas.
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e quando a água escorreu
por encostas pequenas
damos o salto
— rara a vez que não me
encharco de lama —
e toca a guardar o tapete
verde
nas sacolas previdentes.
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nesta época
de irmos ao musgo
confia, pai:
desta vez, faço-te eu o presépio.
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3.
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agora que estás por aí
em perspectiva
bem sei que entendes
as quilhas e esquinas
que sei bem.
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4.
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guarda-me o passo
o abraço a compaixão
protege-me os gestos
os actos e os silêncios
mas, sobretudo, acima de tudo
guarda-me inteira
intensa e plena voz
a minha voz
para poder
sempre que eu queira
chamar-te pai.
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maria toscano
Coimbra, 12 Dezembro/2010.
Restaurante-Pizzaria "Allô Pizza".
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2 comentários:
Belo poema este de evocação... Belo ,e uma lágrima veio ao lembrar-me do meu pai , não nestas andanças de presépio, noutras , corre , pedela nessa bicicleta , vê-se me apanhas ... E zás , apanhava-o mesmo!
U grande abraço de bom ano !
zé
Bem Hajassss, Zé! Dessas Memórias se faz a nossa Vida tmbém. nada nem ninguém no-las pode tirar. Boas Festas e Melhor Ano 2011 para ti e tuas meninas :-) mt
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