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sábado, julho 16, 2011

eu vou com as árvores. poema 3

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no meu coração de andorinha

fizeste tu, ó árvore,

o ninho.

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pousaste devagar de

mansinho

com a polpa dos frutos

que guardas

entre longos ramos

elementais.

antes, roçaste a minha

gravata

como que a pedir licença

de passagem

logo voaste até à terra e esperaste

pela hora dos musgos e pirilampos.

uma vez confundidos com a geada

os teus íntimos líquidos amorosos,

refrescada

ganhaste coragem para erguer

ramos ao alto

árvore ao alto

(pode mesmo cantar-se: )

‘unidos como os dedos da mão/

havemos de chegar ao fim da estrada’)

— pode cantar-se assim teu desejo do universal.

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há muito vinhas sonhando

com a viagem.

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olhando para o ocidente

enfeitiçada

eras a fio, ondeaste com o mar.

rodando-te para sul

assobiaste / com as areias

morenas desertas mouras

durante imensos tempos

com as areias

foste amornando o teu ser

modo de ser.

com os lamentos encantadores

do leste

limaste os requebros afinaste

todas as cordas antes verdes

as cordas, agora, melodiosas.

fadadas

também as folhas te cingiram

ao fenomenal ritmo flamenco.

por fim, a índiga neve

enfrentaste / ao norte

de onde aprendeste

refracções / da luz em cores.

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no meu coração de andorinha

fizeste, ó árvore,

um poiso maravilhoso para te aninhar.

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garantidamente, pois, seguimos

eternos viajantes seres

no voo

de ser amantes.

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maria toscano

em Coimbra, nas ‘Galerias Santa Clara’

a 14 Julho/2011

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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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