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sexta-feira, março 09, 2012

poemas em branco fado — 9.

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os anjos da voz não precisam de asas.

dispensam gestos vertebrados
penas
e outras escuras assombrações.
de nada servem tuas regras
presumidas, na batota ignorante
tuas exigências de acordes sem sol
no lá
intenções baralhando a claridade
invocando só o clarão da claridade
são tementes intenções do brilho
polvilhado pelos anjos da voz
de cada vez que o brilho se confirma em branco.

os anjos da voz não precisam de asas
para se equilibrarem no infinito.

dispensam e nem vestem as falsas vestes.
as vestes falsas imitam o sibilar da luz
ensombram a claridade com intenções
as temidas vestes integram o perigo
destinado na vontade de ser o voar.

os anjos da voz? nunca os ouviste?
provavelmente não te arrepiaram
por tão altivamente passares ali.
os anjos da voz guardam o íntimo
tecem-lhe a crisálida vibrante
pespontam-lhe o requebrar
pulsam-lhe o latejar a suspensão
afagam-lhe vibrações e fôlegos
dores rouquidão e desconsolo
a solo.
os anjos da voz dispensam penas:
eles, os senhores brilhantes do voar.
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maria toscano. 
Coimbra, na Casa Verde, 9 Março /2102.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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