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segunda-feira, maio 07, 2012

da degradação urbana


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com vénia, mutatis mutandis, a O problema da habitação
de Ruy Belo

andes como andares
vás por onde fores
caminhes o que caminhares
sempre, à chegada: ela.

é da vital mecânica dos viventes a surpresa o encantamento.

os prédios, frios de tão altos,
anseiam pelo quente do sol.
os prédios, sujos, não sabem como lidar com
                  as meninas rosadas de calções
                  os meninos de gorro e ténis
                  as mulheres de avental
                  os homens de mãos de óleo
                  os jovens desactivados por play station e televisão.

esse é o motivo da degradação urbana.
o mal-estar
por vezes activado pela timidez dos prédios.

nas caves
por mais retoques ou gestos evasivos pelas paredes
demora-se mais a ver o dia.

nas caves
mesmo nas respeitosamente habitadas
até às entranhas por estranhos
cuida-se mal da melancolia.
e até a melancolia sofre e quer basar dali.

no fim do trilho, passado o semáforo
sempre ela, à chegada,
disposta a receber-te por nunca te ter abandonado
paciente/ incansável/ resistente
andes por onde andares
sejas lá como fores
ela sempre te espera
a latente
quando nos falta a presença
quando se trai a consciência por esquecimento.

à chegada, sempre te espera
a que dá pelo apelido de magia
mas podes chamá-la pelo nome próprio de vida.

agora que sabes do segredo da imanência
diz-me lá: ainda demoras?
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maria toscano.
praia da Tocha. 7 Maio /2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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