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quinta-feira, maio 03, 2012

poemas em branco fado — 10.


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maré

o ovo desenha o arco ao mover-se.
o arco desdobra-se em volições
cintilantes promessas do incolor.
o sal, constante, pousa-se e refaz-se
no regresso ao ciclo da respiração.
sem rugas no instante, o lençol
resguarda nervuras intemporais.
faz-se a corrida a favor do vento.
no desdobrar do arco em intenções
a descida confunde fonte com foz.
todas as promessas emergem do ovo,
pois desenha-se oval em movimentos
curvas arqueadas rugas enroladas
destinadas, sempre, ao devir branco
a mais cintilante conversão do incolor.
sob a aparente acalmia dos pigmentos
é tanta a inquietação nos corpos de água
que as marés nascem para vir morrer à areia
onde o ovo desenha o arco despudorado
entre as minhas promessas e intenções.
sirvo-me dentro da meia lua prateada
que as nuvens consentiram em trazer.
uno a minha voz e devém suave o rufar
da água suave o rolar do ovo o trepidar
concedo-me ser intenção tangível
mergulhada na vertigem do lençol
noutro instante sem rugas, 
agora vivo
fio da saia 
onde embalo a areia o carinho
agora vivo 
dos nossos corpos em arco tecendo linhos.
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maria toscano.
Coimbra, (C)Asa Verde, Abril e maio / 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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