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maré
o ovo desenha o arco ao mover-se.
o arco desdobra-se em volições
cintilantes promessas do incolor.
o sal, constante, pousa-se e refaz-se
no regresso ao ciclo da respiração.
sem rugas no instante, o lençol
resguarda nervuras intemporais.
faz-se a corrida a favor do vento.
no desdobrar do arco em intenções
a descida confunde fonte com foz.
todas as promessas emergem do ovo,
pois desenha-se oval em movimentos
curvas arqueadas rugas enroladas
destinadas, sempre, ao devir branco
a mais cintilante conversão do incolor.
sob a aparente acalmia dos pigmentos
é tanta a inquietação nos corpos de água
que as marés nascem para vir morrer à areia
onde o ovo desenha o arco despudorado
entre as minhas promessas e intenções.
sirvo-me dentro da meia lua prateada
que as nuvens consentiram em trazer.
uno a minha voz e devém suave o rufar
da água suave o rolar do ovo o trepidar
concedo-me ser intenção tangível
mergulhada na vertigem do lençol
noutro instante sem rugas,
agora vivo
agora vivo
fio da saia
onde embalo a areia o carinho
onde embalo a areia o carinho
agora vivo
dos nossos corpos em arco tecendo linhos.
dos nossos corpos em arco tecendo linhos.
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maria toscano.
Coimbra, (C)Asa Verde, Abril e maio / 2012.
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