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quarta-feira, julho 04, 2012

lembrete à sombra


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sabendo que todos somos um
falta-me a buganvília que amarelece.
estremeço com a secura de algum pinheiro.
gela-me a alegria na morte de cada palmeira.
sofro com o canto do melro a esbater-se no solo.
dói-me a nervura da calma
se o alecrim não reverdece aos molhos.
rasga-se-me o rir, por instantes,
se as cadelas, por instantes, se ouvem ganir.
perco, brevemente, o centro do equilíbrio
quando o equilíbrio falha e se perdem antigos amigos.
sinto a dor ao elefante ao tigre ao lobo à baleia e ao mar
sinto os rios saturados de lixo e as gentes rasando o penar.
sabendo que somos todos todos
e que o um está em todos e todos somos esse um
oh meu amor eterno, é claro que também sofro
é claro que também choro e me acinzento e entristeço
desde os pulsos ao olhar, do olhar até à voz
e, da voz encantadora, saem-me rimas e ritos
que desconheço, que não domino
diria mesmo: são rezas, rituais de sonhos aflitos:
a voz da fé de quem sofre com a partida de alguém
que lhe pertence. alguém a quem pertence, a quem
livremente pertence sabendo-se quem e que é livre
só por sermos o que somos, só por sermos todos um.
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maria toscano. ©
Coimbra, Casa Verde. 4 Julho / 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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