é claro que
ainda aqui estou, amor.
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ainda aqui
estou e permaneço.
.
o meu futuro?
é a hora a tremer a cada segundo.
o meu
projecto? é abrir-me, pelo peito verbo ar.
o meu desejo?
é vibrar em cada película do aqui.
o meu rasto?
vai diluir-se pelos passos lustrosos de meninos.
o meu riso?
vai fundir-se com a espuma salgada das marés.
.
o meu
destino? ser-me.
.
o meu ensejo?
ser-me.
.
o meu poema?
ser-me
.
e em cada
letra ou gesto ou sopro ou beijo
gemidos
no instante
que dura a eternidade
poderás,
sempre,
— quer dizer:
agora, eternamente —
partilhar
comigo as saudades.
.
por isso o
meu nome é tão curto e extenso.
por isso o
meu modo é tão vasto e conciso,
no rigor que
exigência e entrega impõem,
incondicionais.
por isso
o meu abraço
é a casa onde habitas, habitamos,
à revelia da
tua memória resistente e pouca.
por isso, meu
amor,
o meu
silêncio alia esperança e risos
por dentro do
brado seriíssimo pela verdade.
.
por isso aqui
estou e permaneço
honrando o
nome da Vida e o modo do Amar.
por isso
— estranhamente,
admito,
— renasço na
frescura do acto pulsante
de perdurar.
ser.
.
.
maria
toscano. ©
Coimbra,
(C)Asa Verde. 7-8 Julho/2012.
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