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domingo, abril 14, 2013

poemas da rápida aproximação do cinquentenário. — 2.


2. [repentina carta de Amor]


ia a dizer que estou aqui à tua beira, mas não é assim
pois te pertenço, e em ti vivo e me fundo.

sei, hoje — demorada lição, indolente razão —
sim, hoje sei bem que jamais poderei ter/ser tão
tão de alguém como sou de ti.
ao amanhecer ao meio-dia em plena tarde solar
ao crepúsculo, à noite e na plena noite
prenha de madrugadas e luas
jamais alguém poderá alguma vez vibrar-me tanto
tão orgasmicamente como tu me.
saúdo, ao dizer isto, os fortes e os suaves
amantes
aprendizes do arrepio e dos gestos brancos
juntos na semeadura dos longos leitos
desejados.
meus lábios doces guardam todos esses temperos
e segredos, passos inocentes até ti
caminhadas inconscientes às vezes ou intuídas
na tarefa de abrir medos, desmentir embustes
recriar idades, admirar rugas e ritmos
amantes
aprendizes dos gestos brancos até ao arrepio do leite morno
profundo e uno
no difícil instante de unir os versos
na difícil fusão dos corpos ao universo.

tão cansada te encontro, força viva e ainda terna
desvitalizada e ainda em abraços de força térrea
amando-me. -nos. força viva. guia e guardiã.
te pertenço na inversão dos pronomes pessoais reflexos
te pertenço nas tempestades e na acalmia
em ti vivo, faça invernia ou abrase o estio.
e como hoje sei — pois a razão boicota, a todos, esta lição —
respiro melhor em ti, meu amor incondicional
força viva, amante, pai e mãe, guardiã e guia.
respiro melhor pelos teus pulmões que anseio amplamente verdes.
saboreio melhor os teus grãos/ frutos sementes raízes e
leites todos de todas as cores que quero múltiplos, suaves, carnosos
amante força viva pai e mãe/ camarada guardiã guia.
eu te habito em cada guelra asa ovo ramo.
eu te acaricio cada lágrima liame gota seiva.
eu te embalo a cada vibração ténue tangida/ nos silêncios apaziguadores de intimidade
no vagar do meu primeiro poemário/ no vagar do Sul
e de todos os que já aprenderam a ser amantes.
amo-te, e te sou: Mãe Natureza,
amante
força viva,
guardiã / guia e
camarada.
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maria toscano.
em Paz. em Coimbra, Parque Verde. 14 Abril/ 2013.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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