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segunda-feira, maio 12, 2014

Da incandescência volátil do Olhar.


[[ após vagabundear pela enésima vez
com Maurice Merlau-Ponty. [2000]. em
O Olho e o Espírito. trad. Luís Manuel Bernardo. Lisboa, Vega-Passagens. ]]
....

Do olho.
melhor: do Olhar
desse pousar fugidio ao correr do horizonte
ao passar da linha de intermitentes luzinhas amarelas
do friso avermelhado, do outro, azul esverdeado
sob uma claraboia azulada antes do mar escuro
azul
até devir breu na noite avançada.

esta é a parte que não oferece grande resistência / não levanta polémica nem / arrisca honras nem egos.

Do Olhar.
Da Incandescência volátil do Olhar
a ortografia omite tudo,
a semântica pouco entende,
a estatística resvala na beleza sem alcançar as margens de erro,
e a fixação em imagem — pictórica, robustecida em volumes ou lisa —
às vezes, ronda-a
pois só à poesia compete, digo: cabe
o exercício de desassenhorear-se
do alheio filtro ovalado.

cabe à poesia traduzir os filtros estrangeiros
na fala, volátil vibração.

a metáfora sabe o Olhar.

a poesia expande o Olhar
na exacta medida da sua imprecisão contenção e imprevisibilidade.

uma fenomenologia metafórica do Ser —
o que, em si mesmo, é redundante
dado a fenomenologia trabalhar na revelação
no desvelar do Ser, da ontologia do Ser
indomável e imanente como inconcretizável.

— assim as metáforas.
aninhadas juntinho das composições musicais
às metáforas da fala basta a vibração.
apenas a vibração. /
a subtil vibração /
que, uma vez conseguida,
institui o inconsciente estado de amor incondicional.

digo, melhor: a vibração em amor incondicional
pois, à semelhança das composições musicais
trata-se de um subtil fruir aderir e Ser amor / incondicional.
Imanente.
Indomável.
Concretizável.

este modo de Ser e esta ontologia
superam a arquitectura
contradizem as leis dos estados e da infantil física bi-cotómica.

Da incandescência volátil do Olhar
se ergueu este poema
e, agora e aqui a lego,
desde a mais pura ontologia.

incandescência volátil do Olhar, digo,
fenomenologia,
ou melhor: a prosa da vida acedendo à pura poesia.


maria toscano ©.
Coimbra, (C)Asa Verde. 11 Maio / 2014.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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