.
1
.
.
.
.
.
pelo encantamento, essa mulher.
.
.
pelo enternecimento, voz pulsada a sangue, à mão.
.
.
.
pela austera brava marcha, filão da Luta olhar aceso pelo tempo, corpo – agora – ileso.
.
.
.
pelo encantamento, essa mulher.
.
.
.
.
toada primitiva e a caminho. ombreira em movimento, cama lavada rossio – pedonal, mediterrânico, índio, tribal –.
.
.
pelo encantamento, falo. da mulher.
.
.
.
.
.
tem um caso sério com toda a causa humana, é um caso muito sério – do humano –.
.
essa mulher.
.
----.
.
.
.
apresentas-te ao portão. roças o batente, tocas a campainha, chamas plo nome, bates palmas, assobias, sem ousar o trilho branco da casa.
.
.
.
pela alameda clara cheira-te à madeira ao ananás, a sucos de memórias, vinhos a risos, brincadeiras e sustos incabíveis em relatos, em molduras. pela entrada da alameda ecoam aves, silvos esvoaçam rosas, palmeiras, dálias frondosas laranjas rolam-se em passadeiras doces assomam olhitos negros, caracóis louros morenos ombros mouros, mäos de mil dedos carnudos lábios da seiva que faz a sede de água cálidas frases, palavras estremosas - pela alameda que o portão franqueia à entrada.
.
.
.
.
tem um caso com a bravura muito sério com a ternura. é um caso muito sério do mundo essa mulher.
.
.
.----.
.
.
.
sem ousares o trilho branco da casa alguma folha estalará. aqui e ali, uma pedra em banco te aguarda a moeda de ouro benzida pela cigana uma vela, a meio de ardida, o jarro da água a almofada tosca, de alfazema a túnica lisa pousada ao lado das sandálias e da taça onde a maçã se serve com passas e romãs.
.
.
.
.
sem ousares o trilho branco da casa a cor, simplesmente, reconheces à tua volta, a amendoeira em flor. sem ousares o trilho branco da casa de perfil, avista os cereais de onde a floresta antiga se assegura que a lonjura do areal – outra alameda –te conduza ao oceano em mar.
.
.
.-----
maria toscano
«branco da casa» (Bètera, Txalapartak (Valência), 31 julho a 6 agosto; e Madrid, 7 agosto de 2003.
- fragmento do livro inédito «resguardo das Esfinges.declinações do Branco».
.
4 comentários:
Olá Fátima,
Parabens pelo teu blogue! que desconhecia. Não há dúvida que temos muitas afinidades estéticas...
Beijinhos
EE
cá se fazem cá se pagam...
:-)))
bjsssss
mt
amanhã levo.a ,assim ,para a Casa Museu
um beijo!
( combinei com dois Amigos que a conhecem ... de outras paragens mais a sul ... agora só um nome ... Silvestre Raposo ... e? )
?!
só Boas Novasssssssssssssss (e eu despistada... a pensar, a pensar... ainda bem que não sou alentejana nem mulher, senão ia demorar muito mais...)
a sério: Silvestre... é do Porto?
mais a Sul? Porto é mais a Norte... pois...
:-(
«quêins serãoue» (ler á puârto)
e leva? Gabriela, não sei se percebi, mas confio: LEVE! e eu GraTa re-re-re-fico
(mistériossssss!)
:-)
bjssss, Bem haja pelas suas visitas e sempre motivadoras Palvras, Actos (e Omissões, já agora...para deixar alguma frase de jeito neste comentário...)
:-)
Abraço!
Enviar um comentário