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Baseado no trabalho disponível em http://sulmoura.blogspot.pt/.

sexta-feira, julho 27, 2007

a mansa mão do canto, maria t

1.
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amanso agora um pouco mais a tua mão,
amor.
com o vagar temperado na alegria
afago a tua fonte a borbulhar de vida.
contida seiva branca
entrega-se a montes e vales
no momento interno do aflorar
da sílaba
repetidamente voraz e contida.
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amanso, afago e afloro a tua mão
rendida
remanso da nascente cristalina.
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2.
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abre-se o universo
aquietado
pelo espasmo vital que se anuncia.
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gérmen do nunca silenciado
argumento do impossível vencido
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abre-se o espasmo.
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e o vital nos guia.
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3.
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nunca
jamais
em tempo algum
o fogo se deixara tocar tão tão de perto
.
sabia
o fogo
que não sairia ileso.
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4.
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sejam mecânicos ancestrais
digitais
todos os ponteiros de todos os relógios
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nunca alcançarão a acertada hora
de nossos ponteiros carnais.
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5.
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o turbilhão da pele estremece-me
as pernas
revela-me em duas metades
corpo.
alma.
pelo mesmo turbilhão a nossa roça
nus leva à fusão
devolve-nos inteiros.
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6.
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quero o laço a côdea o miolo
e a cereja
de leite ungida.
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7.
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quanto mais fundo
mais intenso
amarar nas águas brancas.
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8.
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nem todos os caminhos vão dar a roma.
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há uma rota intensamente aberta
ao teu sul.
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9.
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colegas camaradas companheiros
de desconhecidos
mas reconhecidos amantes.
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10.
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à roda do meu ombro a tua boca
à volta do meu seio a tua língua
- versos pobres metáforas
da iluminura.
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11.
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hei-de ir beber á fonte desse poema
a sílaba que me abre em palavras.
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12.
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ficam dois gestos de mãos pelo teu rosto
como uma benção
do que foi sem se ir.
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13.
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amanso a tua pele agora
ao de leve
com o vagar animado pela poesia.
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maria toscano,
em Coimbra (café Santa Cruz),
a 26 de Julho de 2007
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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