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deve ser este o mês
do só sossego.
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nem todos estão
nem todos vão
permanecem
vultos intactos por entre
a chuvinha
puída
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pássaros anunciam o regresso dos charcos
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(onde andará o meu amor de asa inquieta?)
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passos de descoberta
fazem-se à vida
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(onde andará o meu amor de passos lisos?)
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um axadrezado ombro
cumprimenta
-me um boné preto
andarilho
estremece
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(onde andará o meu amor de gorro mouro?)
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estão mais viçosos
os abraços que não ficaram
enterrados em areias
de ilusão
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braços gloriosos tocam-se apenas, sem alvoroço.
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o amor une mesmo sem Nilo. mesmo o Mondego
faz-se monção e guarda os pedaços sagrados
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(onde andará o meu amor de mil pedaços?)
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o borburinho do regresso
já se anuncia
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(onde andará o meu amor de idas e vindas?)
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no meio da Praça
a natureza arrepia- / -nos
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(onde o meu amor e o seu cavalo luso?)
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dos pés ao cosmos avança esta estação
guerreira
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(onde andará o meu amor
sem freio nem cela?)
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maria toscano
Coimbra, Café Cartola. 2 Setembro /2004
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