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quando a invernia
das vidinhas vai de férias
o universo agradece
sem concessões.
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sabe-se que é dura esta verdade.
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(e não são todas?
não são todos os espelhos ameaçadores?)
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repousada
na via láctea
sem entrelinhas
sem asteriscos
nem duplas intenções/ ou traduções
a vida inspira
profundamente
e recomeça a obra. / a criação inteira
realinha o cosmos
em acção de graças
aos que, sinceros,
permanecem no trilho
da consolação.
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quando a invernia — a prosa —
se aliena
refulge mais pleno
o lastro / os astros.
da sua poeira
libertam incansáveis limalhas.
na rotação pessoas há a aguardar
o ano inteiro
pelos instantes capitais
da contemplação.
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há barquinhos e gaivotas
encadeados
no modo de respirar
como ondas.
há searas oliveiras e olivais sem fronteiras
cúmplices do gesto
implícito
da comoção
da criação.
pelas corridinhas e risadas
inocentes
as crianças confiam
ao mesmo acto a pureza.
as mãos de rugas
másculas e femininas
libertam asas e asas de querer
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repousada no universo
reverbera a vida
sem entrelinhas
sem asteriscos
indecisões.
"Para ser, sê inteiro".
sabe-se, em verso
que esta é a única mensagem
em rotação
nos cardeais e quotidianos
lugares:
seja onde for
onde for que o universo nos una em verso.
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maria toscano
em Coimbra, na Casa Verde, a 17 do Julho de 2011
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