Central Blogs
. Licença Creative Commons
sulmoura de Maria Toscano está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://sulmoura.blogspot.pt/.

segunda-feira, julho 18, 2011

eu vou com as árvores. poema 4.

.
.
.
quando a invernia
das vidinhas vai de férias
o universo agradece
sem concessões.
.
.
.
sabe-se que é dura esta verdade.
.
(e não são todas?
não são todos os espelhos ameaçadores?)
.
.
.
repousada
na via láctea
sem entrelinhas
sem asteriscos
nem duplas intenções/ ou traduções
a vida inspira
profundamente
e recomeça a obra. / a criação inteira
realinha o cosmos
em acção de graças
aos que, sinceros,
permanecem no trilho
da consolação.
.
.
quando a invernia — a prosa —
se aliena
refulge mais pleno
o lastro / os astros.
da sua poeira
libertam incansáveis limalhas.
na rotação pessoas há a aguardar
o ano inteiro
pelos instantes capitais
da contemplação.
.
.
há barquinhos e gaivotas
encadeados
no modo de respirar
como ondas.
há searas oliveiras e olivais sem fronteiras
cúmplices do gesto
implícito
da comoção
da criação.
pelas corridinhas e risadas
inocentes
as crianças confiam
ao mesmo acto a pureza.
as mãos de rugas
másculas e femininas
libertam asas e asas de querer
.
.
repousada no universo
reverbera a vida
sem entrelinhas
sem asteriscos
indecisões.
"Para ser, sê inteiro".
sabe-se, em verso
que esta é a única mensagem
em rotação
nos cardeais e quotidianos
lugares:
seja onde for
onde for que o universo nos una em verso.
.
.
.
maria toscano
em Coimbra, na Casa Verde, a 17 do Julho de 2011
.

Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
.
faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
.
chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
.
nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
.
como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
.
ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
.