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segunda-feira, julho 18, 2011

eu vou com as árvores. poema 6.

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os encontros com as árvores
são raridades
pérolas poucas escassas
pelos caminhos.
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tão livres são, ágeis e esguias
tão leves ao deslizar
e acolhedoras
no peito aberto em ramos
que há gentes que passam
os passos do berço à cal
na pressa indiferente gerada por vazios.
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os verdadeiros encontros
não estão / na dobra
do cansaço ou da ressaca
no aquário de luzes induzidas
à ponta da seringa
ou na deglutição.
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excessivos ou contidos
retidos ou extravasados
induzidos
— facturados —
os horizontes, fáceis, de grandeza
as falácias de potências ou evasão
sepultam e enterram sempre o sangue quente.
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os verdadeiros encontros
são horizontais.
fazem-se no olhar de frente e lado a lado
tecem-se nos tempos de incerteza
na aceitação de que a vida não é promessa
mas caminho abertura implicação incompleta
enraizada
emergente do chão.
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os encontros verdadeiros
horizontais
(sem as entrelinhas nem os asteriscos
de outro poema)
despontam sem avisar
a contratempo
antecipam-se muitas vezes
às previsões
dos baços destinos meteorológicos.
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os verdadeiros encontros
exigem tronco
desprendimento
múltiplos ramos
abertos e por abrir
sorrisos gaiatos, esgares simultâneos
cascas acamadas sobre cascas
protecção de memórias e da coragem.
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exigem? não!
pedem e contêm
pressupõem e dependem
são a variável dependente
da pausa
estremecida
no passar e no olhar
estremecidos
no face a face com o profundíssimo
altivo e simples porte
enraizado
no movimento inquieto do chão ao cosmos.
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sei do que falo
porque levo, dentro do peito
esmerado
um ninho de árvore.
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nunca mais serei
o opaco espelho vertical
da aquietação.
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maria toscano
em Coimbra, na Casa Verde, a 18 do Julho de 2011
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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