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segunda-feira, julho 18, 2011

quase Poema (porque a Poesia não é explicativa)

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a estas horas da vida
sem pretensões
confesso que não sei o que quero.
confesso mais:
ah, sei tão bem o que quero.
a vida
por estas horas
dispensa o excesso
aprecia o ritual da mão/ das inteiras mãos
o silêncio o olhar
a íntima partilha da comoção.
por fora, mãe e pai
deram-me formas destemidas
roliças incansáveis e lutadoras
até à morte.
mas, no mais fundo do íntimo
pede-me a vida para ser inteira
exigente na verdade dos gestos
incurável no respeito
às todas e às simples coisas
como na canção da Martírio.
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pede-me, a vida, para a escolher.
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e, quem escolhe a vida
não pode ficar assim como que a meio
de uma entrada
ante uma porta entreaberta
que dependa da leitura
(meia aberta? meia fechada?).
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a estas horas da vida
sei bem que ninguém pode deixar de ser quem é
pode alguém ser quem não é?
pergunta o Sérgio na canção.
e sei bem, sem pretensões,
que me não cabe o lugar perverso
o explorar da condição humana
o esventrar de caminhos alheios.
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pede-me a vida que a escolha.
escolheu-me, a vida, ao gerar-me.
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por isso, sem pretensões,
por mais raro que seja o sentir
por mais forte que jorre o desejar
por mais mais que seja o que for
sigo neste caminho.
o que quero? é o encontro.
que já se deu sem apelos nem vestígios.
que já se impôs à revelia. sem feridas.
seguir no encontro das escritas
é o que posso.
deixo à vida a gestão de coisas e vontades
alheias.
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sigo no encontro das escritas.
sigamos, meu amor que não.
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maria toscano
em Coimbra, no 'Café Trianon'
a 18 de Julho/2011
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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