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terça-feira, agosto 09, 2011

'ad infinitum' - Parábola do discípulo perdoado.

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zero.
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sem dúvida
ligados
verso a verso.
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por certo
encadeados
na palavra
enleados.
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semearmos o inconciliável poema.
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colheita final
convergente
destino
(com certeza).
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1.
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ad infinitum caminhará nas sombras
ladrilho feito a pulso. solitário.
revolvendo os cabelos da Alegria
militando na tortuosa tortura
avistará ferro fogo e desilusão.
chispas do desencanto são-lhe
o forro remendado.
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2.
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ad infinitum estilhaça, à passagem,
todo o vestígio de veludos ou cetins.
a inteira pele
a casca do ovo cósmico
arranhará com injúrias do infortúnio.
cuspirá à boca do estuário lilás
infeliz
atormentado.
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3.
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ad infinitum
rebuscará no estuque
pedra batente e lápis
alucinados.
servente do desânimo
(que pulveriza)
a mesma revolta gratuita
empedernida
escorrerá dos seus beijos
daltónicos.
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4.
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o estuário afasta-se
faz-se ao mar
cadenciando ondas e vertigens
silencioso
sábio e sereno
enlanguescido ao partir ad infinitum.
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5.
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ad infinitum, sei de corais rutilados
rodízios de remoinhos
sorrisos
rocas de alabastro incansáveis
moveres. exercício do princípio.
ad infinitum avisto todas / as algas
fadas e sementes do infinito.
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6.
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ad infinitum vejo com nitidez
ar esgazeado baço desistente
máculas de dor e mágoa
encastradas
num sibilo de vidente vendido.
sais ulciferinos
fatais areias rotas
de quem desperdiça artes dos sentidos,
e os nós cegos pela sombra
vergastados fios de prumo
obtuso, das trevas
forças da fome cravadas no desvario
no desuso do desuso de mãos dadas
ataduras em nó
onde era trança a lição a descobrir pela Alegria
boiam à tona de água,
e a corda rude
que o libertará do fel
ad infinitum.
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7.
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ad infinitum
herdo o arado e a foice
tesouras de poda, malgas mouras
um cântaro raso de nostalgia
um cântico de pétalas douradas
a lira o arco a arpa e violinos
que agora mesmo já me roçam o peito.
ad infinitum devolvo o calendário
do prisioneiro que venera a prisão
do penitente que serve ao suicídio
abdico do resgate
abdico de alvíssaras, juros, centos de males
abdico das carícias virtuais
colo da balofa vertigem sem ternuras.
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8.
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um trilho na terra viva
do palácio ao cruzeiro sagrado
reavivado pelo discípulo irado
a sangue
calvário irado.
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9.
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ad infinitum, sei: ele não merece.
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10.
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ad infinitum sei-o, por mim, perdoado.
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11.
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esse tapete de lâminas e espinhos
essa coroa de insónia e fastio
esse lastro de angústia rasa e rala
esse manto de ausências
desatino
— nada disso merece ad infinitum.
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12.
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buscado — ele — pelo desejo cósmico
o oráculo da Fala desmedida
há-de confiar-lhe, em mão, o manuscrito
à entrada da Casa da Alegria
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onde os tempos dos tempos aguardam
— pelo discípulo perdoado
....ad infinitum.
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ámen.
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pelos lábios do desejo cósmico
a Fala perdura
ad infinitum.
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maria toscano. Novembro/ 2005
Lisboa, Chiado, 'Il caffé di Roma', dia 1; Coimbra, Café 'Santa Cruz', dia 21.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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