1.
não me peças para aprender o teu nome
quando são tantos os raios que te conformam.
2.
o teu nome: não me peças para o aprender
sendo tantos os raios que te conformam.
digo: lábio — e sublinho teus silêncios.
digo: laço — e refino teu olhar.
posso falar na polpa desse sorriso
raiz do uno pestanejar que somos.
a cada vez do gesto, a cada vaga
serves-me romãs instantes cerejas doces
sopras-me o jasmim em flor instantes antes
da subtileza do teu passo, teu chegar.
a frescura, em seu mais ínfimo grau,
aninhas pelos ramos e o tronco
— espécie vibrante do bosque mitológico
onde moram os nossos abraços e segredos.
não me peças, amor, para aprender
decorar nem reduzir a fonemas
as veias luminosas onde pulsas
os poemas gemidos verso a verso
(sendo que cada gemido
de que aqui falo
apenas serve a metáfora
ou distracção
do ser intenso que nunca saberei nomear).
3.
não me pedes mais para aprender-te o nome
desde que, no teu peito, floriu a chama
bendita nervura intangível clamorosa
chama alucinante onde nascemos nos bebemos
e, um dia, regressaremos, meu amor
mesmo que eu nunca aprenda o teu nome provisório.
4.
desde a nossa revelação em poema eterno
nunca mais me pedirás para aprender
o falso nome que, agora, te cumpre ser.
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde. 23-26 Março/2012.
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