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sexta-feira, março 23, 2012

do nome



1.


não me peças para aprender o teu nome


quando são tantos os raios que te conformam.









2.

o teu nome: não me peças para o aprender
sendo tantos os raios que te conformam.

digo: lábio — e sublinho teus silêncios.
digo: laço — e refino teu olhar.
posso falar na polpa desse sorriso
raiz do uno pestanejar que somos.
a cada vez do gesto, a cada vaga
serves-me romãs instantes cerejas doces
sopras-me o jasmim em flor instantes antes
da subtileza do teu passo, teu chegar.
a frescura, em seu mais ínfimo grau,
aninhas pelos ramos e o tronco
— espécie vibrante do bosque mitológico
    onde moram os nossos abraços e segredos.
não me peças, amor, para aprender
decorar nem reduzir a fonemas
as veias luminosas onde pulsas
os poemas gemidos verso a verso
(sendo que cada gemido 
 de que aqui falo
 apenas serve a metáfora 
 ou distracção
 do ser intenso que nunca saberei nomear).



3.

não me pedes mais para aprender-te o nome
desde que, no teu peito, floriu a chama
bendita nervura intangível clamorosa
chama alucinante onde nascemos nos bebemos
e, um dia, regressaremos, meu amor
mesmo que eu nunca aprenda o teu nome provisório.




4.

desde a nossa revelação em poema eterno
nunca mais me pedirás para aprender
o falso nome que, agora, te cumpre ser.
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maria toscano.
Coimbra, Casa Verde. 23-26 Março/2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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