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domingo, maio 06, 2012

correios — 21. ou 'das anjas não reza a História'

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sempre fui fiel ao invisível
soprar ou sibilar do canto.
sim, habitei, sempre que soube,
casas de chocolate ou algodão
bosques com áleas marcadas a pão
bailes destinados ao pé nu
fornos só acesos para reciclar megeras.
sempre acreditei nas outras vidas
paralelas em dimensões estranhas
em todas as fábulas onde os bichos se refugiam
em cada lenda onde se recolhem os heróis
nas historietas de duendes e gigantescas morais
e, sobretudo e acima de tudo, na poesia.
deveras: nunca deixei de acreditar
— a par dos assexuados anjos guias
     anjos guardas mestres e arcanos —
sempre acreditei com fundada ilusão
no degelo e na ebulição das neves.
por isso, também sempre acreditei nas anjas.
esses seres terrenos bem situados
plenos de ensejos temporadas vidas
pujantes na doçura meiga
ternos na firme coragem
fortes por serem a mudança
frágeis e criadoras do consolo
diáfanas e cruas, genuínas
sempre indomáveis.
fui sempre fiel ao invisível
canto a sibilar no íntimo
e ainda por agendar na memória da história.
aí deito e levanto, morena,
a voz de meu riso e meu pranto
a morena voz como canto. encanto.
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maria toscano.
praia da Tocha, à beira-mar. 6 Maio/2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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