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domingo, maio 06, 2012

poemas do 'inferno astral' — 2. e 3.


2.

tomo como meu o que meu me é
não abro mão de nada que me cabe
assumo acolho e acedo, pela fé
e pela esperança ao que só o Amor sabe.

guardo bem e resguardo, cuido carinhosa
com inúmeros gestos, palavras indizíveis.
a poesia que resiste oculta na prosa.
cuido as bagas e sementes impossíveis.

assim, de meus pergaminhos zelosa
posso enfrentar o inteiro dia-a-dia
e, inteira, fazer-me de espada e rosa.

de pouco valem justificações, rodeios
pois nada traz de volta a onda passada
nem acalma o fulgor de teu verso em meus seios.
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maria toscano.
praia da Tocha. a ver o oceano e na “Casa do Castelo”. 6 Maio / 2012.
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3.

do mesmo modo que tomo também liberto
meus ombros de tarefas alheias velhas
disperso desmembro e alivio
a malha seca da urdida teia.
aliás, tal gesto converge apenas
com as simples intenções do universo
ao mesmo tempo que o que gera emerge
no seu reverso também se assume o outono.
concertada com o mover incansável
e eu mesma incansável sem razão outra
do que o subtil impulso do viver
aceno com a infância ainda na mão
ao despedir-me do que deixa de ser
e, sem excepção, saúdo a todas as asas.
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maria toscano.
praia da Tocha. à beira-mar. 6 Maio / 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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