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quinta-feira, maio 10, 2012

correios — 27. ou 'as asas são a mais esvoaçante matéria do poema'


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as asas são a mais esvoaçante matéria do poema.
nascidas nas penas ou em outras sementes de algodão
no peito quente num ombro nu / ao colo das mães
no regaço do primeiro amante proibido amor louco
nos refegos do tempo amealhando a esperança
nos requebros dos dias expandindo a alegria
corpóreas etéreas presentes vivas
as asas, meu alado amor,
são o mais esvoaçante magma do poema.
senão, repara na constância das ondas
sempre levadas e trazidas por pares de asas
repara como flores e copas de árvores
se associam aos moveres concertados
de dançarinos com passos de asas
vê bem fundo no teu olhar sereno
perscruta a lagoa da memória
escuta. sente a vaga do retorno a casa
dos teus gestos tresmalhados.
escuta. sente a marca do abandono em cada
lágrima agora resgatada.
perscruta na passagem do desejo as sucessivas âncoras aguadas
escuta. sente no teu olhar sensível
o profundo sobrevoar das asas de espuma.
meu alado amor, as asas
são, do poema, o seu modo mais esvoaçante.
por isso cada verso só se dá em poema quando se solta
enleado no feitiço das asas da poesia.
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maria toscano.
praia da Tocha. a ver o mar 10 Maio / 2012.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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