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as
asas são a mais esvoaçante matéria do poema.
nascidas
nas penas ou em outras sementes de algodão
no
peito quente num ombro nu / ao colo das mães
no
regaço do primeiro amante proibido amor louco
nos
refegos do tempo amealhando a esperança
nos
requebros dos dias expandindo a alegria
corpóreas
etéreas presentes vivas
as
asas, meu alado amor,
são
o mais esvoaçante magma do poema.
senão,
repara na constância das ondas
sempre
levadas e trazidas por pares de asas
repara
como flores e copas de árvores
se
associam aos moveres concertados
de
dançarinos com passos de asas
vê
bem fundo no teu olhar sereno
perscruta
a lagoa da memória
escuta.
sente a vaga do retorno a casa
dos
teus gestos tresmalhados.
escuta.
sente a marca do abandono em cada
lágrima
agora resgatada.
perscruta
na passagem do desejo as sucessivas âncoras aguadas
escuta.
sente no teu olhar sensível
o profundo
sobrevoar das asas de espuma.
meu
alado amor, as asas
são,
do poema, o seu modo mais esvoaçante.
por
isso cada verso só se dá em poema quando se solta
enleado
no feitiço das asas da poesia.
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maria toscano.
praia da Tocha. a ver o mar
10 Maio / 2012.
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