Central Blogs
. Licença Creative Commons
sulmoura de Maria Toscano está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://sulmoura.blogspot.pt/.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

das rugas


.
.
.

no alisar das penas encontro rugas.


espreitam para definir-se a seguir.


no gesto de aceitação sofrido
no afagar e cuidar das dores
ainda imprecisas e finas assomam
a competir com os fios azuis das veias.
estranho essa visão inesperada
no rosto, na minha pele robusta
feita para ventos e neves
gostosa para beijos e carícias.
estranho, pois, essa linhas imprecisas
apostadas em vincar-se dia após dia
sendo o dia-a-dia um caminho para a morte
quando as rugas deixam de fazer sentido
quando a vida faz todo o redundante sentido.
é no alisar das dores furiosas
a cada pena cravada na gravada
a cada suster de ar e melodias
que as incolores veias destemidas
vão ocupando os interstícios dos poros
assenhoreando-se de cantos e recantos
aqui uma descendo ali uma escondida
outra emparelhada com curvas do nariz
outra amigada à covinha do queixo
inesperadas incolores mas destemidas
as rugas marcam o compasso dos dias
o tricotar do berço derradeiro
o tecer a esperança incondicional
através da qual assumimos gestos rimas
através da qual elegemos casas ofícios
através da qual nos revemos, consolados,
em cada ruga ou marcador das penas
chancela pura dos actos cometidos
única prova, viva, de ser-se, do vivido.
.
.
.
maria toscano. © inédito
Coimbra, Café Trianon, 22 Janeiro / 2013.
.

Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
.
faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
.
chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
.
nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
.
como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
.
ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
.