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sexta-feira, maio 03, 2013

ao meu amor que nunca, porém, o foi


in poemas da rápida aproximação do cinquentenário.
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[a AMG]

venho agradecer-te — a ti, meu amor dos últimos 15 anos:
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a dádiva
a desprendida dádiva com que me foste prendando, sem nunca, porém,
teres sido a minha companhia.
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a carícia
a intensa carícia com que nos fomos envelhecendo, sem nunca, porém,
ter sido a tua parceira.
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a alegria
a radical alegria, iluminando madrugadas e horas, sem nunca, porém, 
nos termos sido a nossa maior alegria.
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venho agradecer-te a precisão da palavra
irrevogável em suas suavidade e dureza
incontornável nos milhões de minutos baços
para os quais (apesar de a máquina da facturação 
nos desvitavilizar as estranhas) sempre trazias uma mão cheia 
de estrelinhas ou tuas mãos como surpresa —
sem que nunca, porém, tenhas sido o meu amor.
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venho agradecer-te, a ti — meu amor dos últimos 15 anos —
a nítida certeza da tua transitoriedade na minha vida,
afinal menos transitória do que se pensara.
a coragem libertária do teu lugar de passagem,
afinal mais ritualizado do que se imaginara.
mas, e acima de tudo o que possa ficar por dizer,
venho, agora, a ti, agradecer-te, por teres sido 
o meu amor dos últimos 15 anos e
ainda termos palavras para dobar
ainda termos lampejos para disfarçar
ainda termos braços para recolher
ainda termos passos para desandar
ainda termos águas fogos suspiros grânulos
e sangues contidos, por partilhar
pois sabemos que o Amor aguarda a cada um de nós
pois, cada um de nós nunca, porém, foi, do outro, seu amor.
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maria toscano. © in poemas da rápida aproximação do cinquentenário.
Coimbra, Casa Verde, 2 Maio/ 2013.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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