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Baseado no trabalho disponível em http://sulmoura.blogspot.pt/.

domingo, maio 12, 2013

visões — 1.



1.

 uma mulher inquieta
diabólica ou infeliz
rolando num leito entre
o marido e o amante
“ I’ll be your dog. Je serai
ton chien bien charmant
Yo seré tu perro querido.”
há uma mulher diabólica
infeliz ou inquieta
no bingo fácil da fuga
num xadrez de pedras gastas
tão gastas de já vistas
conhecidas viciadas.
há um bingo entre-pernas
(depilado? hardcore?)
“faz-se o que se pode”
“com a crise que aqui vai”
“e um homem não é de ferro”
(diz a estátua comemorativa
dos feitos da comunidade).
há uma mulher insegura
que vive do mau-alheio
sobrevive sugando os doces
açúcares nacarados
até ser desmascarada
até ser conhecido
o seu manhoso ardil
imensamente infeliz
— que não condeno nem julgo
     antes abraço no respeito
     pela sua solidão.
há um homem infeliz
pendente de uma mulher
digo: de raros momentos
encontros raspas e restos
pendente de situações
distante dos corações
de quem o toque ou deseje.
há essa mulher. e inexiste.
apenas é uma visão
um avatar virtual
um objecto de desejo
cinzelado pelos media as
tecnologias do corpo e
a cyborgdimensão.
essa mulher infeliz
tem olhos de rubi quente.
há também o sangue escravo
que a corteja e é vassalo
desconhecendo, os rapazes,
os poderes de inchação
simulada pela dama
e o seu poder de estupro
das almas mais cintilantes.
os rapazes hipnotizados
por seus cílios, suspendem
a revolta a indignação
o profundo do existir
e o sonho de ser amor
por onde poderão criar
o portal de saída
desse trilho de servos
escolhido e mantido
enquanto jogadores de bingo
com a mulher infeliz.
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maria toscano. © in Poemas para uma revolução em Abril.
Coimbra, Allô-Pizza, 11 Maio / 2013.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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