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quarta-feira, julho 10, 2013

fábula do pintor calado, da vidraça fechada e da ave animada (mini-fábula 1.)

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afinal, afinal, queria ser seguido adulado comentado obsequiado aprovado reforçado — em suma: amado. 
só que, ele, não o sabia. 
ainda não o sabia.
tinha colaboradores, homens de mão, estátuas negras, rosadas, encarne-adas e alguns amigos que isto, quando se trata de amigos, há que desconfiar sempre se se falar em muitos.
tinha amigos. 
também tinha personagens e figuras reais de onde emanavam vários dos traços, des-construídos, do que pintava. em silêncio.
afinal, afinal, queria ser amado — só que o não sabia, ainda.

ela, uma das personagens de cuja cor não há memória, fazia parte das birras narcísicas.
pudera! como havia de querer partilhar as telas, tantas vezes bamboleando, hesitantes?

ah, e convém ainda dizer que a moral da história era sempre pela negativa: nada de laços, nada de sentimentos, nada de verdades.

um dia, antes de se proteger no atelier, ele cruzou-se com uma ave branca que convidou a vir pousar no parapeito. 
a ave — nascida para voar até pousar e para pousar até ao próximo voo — aparecia e pousava.
livre.
até um dia ele fechar a vidraça e as rótulas verdes.

a ave entendeu que tinha chegado o momento de voar alto para se pousar num outro algures.
mas, isto, foi o que a ave pensou. porque o porquê de ele fechar a vidraça e as rótulas verdes, nunca a ave chegou a saber — et pour cause, tão-pouco o leitor saberá.
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maria toscano © fábulas inéditas.
Coimbra, 9 Julho 2013.

Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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