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sábado, agosto 10, 2013

da amorosa entrega — 4.


4.

enquanto a noite se atrasa a dar mais tempo ao fim da tarde
revejo gestos poderosos da emoção e sobrevêm ilusão, distância, medo
enquanto o silêncio se cala e afasta, deslizando.
o céu, despenteado, ensina o claro-escuro
materiais incontornáveis da vida.

entre mim e ti, um astro.

um astronómico sonho desmedido
indelével como dorido o braço, dorido o abraço que não me chega
me não alcança na via da distância
uma das maiores palavras da emoção.
enganas-te, amor, meu querido verbo.
enganas-te ao condensar numa narrativa
o fluir do que pode vir, do porvir.
dois a três exercícios de charme
dois a três momentos de encantamento
dois a três — mesmo que fora um só —
o destino do meu tempo não se resigna a ficar a ver apaixonados de época.
enganas-te, meu querido amor:
a distância aproxima às vezes.
e, por vezes,
continuadamente longe, inacessível
— ou acessível quando o mundo vai de férias —
é moldura que fere. mas Frida, já morreu.
hoje, agora, o destino não se confina a intuir amantes habituados
que, pelo hábito, se não separam
— ou, pelo medo, diríamos para ser honestos,
     recordando um dos gestos maiores das emoções.

enganas-te. meu verbo querido e amoroso.
por isso tenho de guardar, também, tal verbo: errar.
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Maria Toscano. inédito. ©
Coimbra, Casa Verde, 11 Julho/2013.
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Sem comentários:

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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