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à roda dos
carris espreitam esperanças
regadas pelo
método gota-a-gota.
os sonhos,
espigados, bem visíveis,
acertam o passo, a coragem, a alegria
e aos outros
rastilhos da mudança.
à roda dos
carris espreita o país.
crianças, de
novo, acenam descalças de novo.
vacas
escanzeladas, de novo, pastam
à deriva na
falta de saboroso pasto.
casais
desdentados, de novo, páram
esparvoados com
a velocidade da máquina
como há dois
séculos paravam a ver o chora
ou o negrume
exalado pela locomotiva.
esparvoados com
os turistas ecológicos
(impossíveis de
avistar do lado de fora)
à roda dos
carris espreita o 'talvez'
o 'se
calhar', o 'eu não posso: não é para mim'.
à roda dos
carris, o etnocentrismo
é vivido na sua
plena inversão
na sua versão
invertida: país anão
embevecido com
os avatares estrangeiros
de novo, à roda
dos carris, esvai-se o meu país.
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maria toscano.
Intercidades Lisboa/Braga;
Coimbra, Restaurante 'Allô-Pizza', 11 Agosto/2013.
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