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sábado, janeiro 07, 2006

quase...

.
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.Um pouco mais de sol - eu era brasa,
.Um pouco mais de azul - eu era além.
.Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
.Se ao menos eu permanecesse aquém...
.
.Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
.Num grande mar enganador de espuma;
.E o grande sonho despertado em bruma,
.O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
.
.Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
.Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
.Mas na minh'alma tudo se derrama...
.Entanto nada foi só ilusão!
.
.De tudo houve um começo... e tudo errou...
..- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
.Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
.Asa que se enlaçou mas não voou...
.
.Momentos de alma que, desbaratei...
.Templos aonde nunca pus um altar...
.Rios que perdi sem os levar ao mar...
.Ânsias que foram mas que não fixei...
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.Se me vagueio, encontro só indícios...
.Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
.E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
.Puseram grades sobre os precipícios...
.
.Num ímpeto difuso de quebranto,
.Tudo encetei e nada possuí...
.Hoje, de mim, só resta o desencanto
.Das coisas que beijei mas não vivi...
.
.Um pouco mais de sol - e fora brasa,
.Um pouco mais de azul - e fora além.
.Para atingir faltou-me um golpe de asa...
.Se ao menos eu permanecesse aquém...
.
.Mário de Sá Carneiro
.
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um pouco mais de sal
e a maré rasa
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maria toscano, 2004

2 comentários:

Madame Pirulitos disse...

Eu volto para comentar melhor. Queria só dizer-te que amo este poema...

emedeamar disse...

já somos d...ois seres vivos a gostar do poemão...
:-)

bjs um pouco mais blogados
:-)
m

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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