.Todo o mundo me pertence.
.Aqui me encontro e confundo
.com gente de todo o mundo
.que a todo o mundo pertence.
.Bate o sol na minha aldeia
.com várias inclinações.
.Ângulo novo, nova ideia;
.outros graus, outras razões.
.Que os homens da minha aldeia
.são centenas de milhões.
.Os homens da minha aldeia
.divergem por natureza.
.O mesmo sonho os separa,
.a mesma fria certeza
.os afasta e desampara,
.rumorejante seara
.onde se odeia em beleza.
.Os homens da minha aldeia
.formigam raivosamente
.com os pés colados ao chão.
.Nessa prisão permanente
.cada qual é seu irmão.
.Valência de fora e dentro
.ligam tudo ao mesmo centro
.numa inquebrável cadeia.
.Longas raízes que imergem,
.todos os homens convergem
.no centro da minha aldeia.
.
.António Gedeão (1906 - 1997)
2 comentários:
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