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Epígrafe
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De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.
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De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.
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De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.
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Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
- expressão da multidão que está comigo.
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José Carlos Ary dos Santos
4 comentários:
do grande, do nunca excessivo, da voz incómoda ainda hoje, puras palavras de busca , eloquência brava, e ainda bem que o relembras aqui , ou o tens sempre presente...
Abraço amigo
Zé marto
hoje bati á porta e , espanto meu a sulmoradia abriu-se, e no instante que não era o meu disse-me:
Depalavrasnão sei . Apenas tento
desvendaro seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
Fui-me embora, certo disso
e deixando, o que repito
um abração amigo
ZéMarto
Bem Hajas! :-)
Tenho saudades de certas pessoas.
O Ary dos Santos é uma delas. Porque é que os poetas "de nome"(?)
hoje já não se indignam nem gritam?
Afinal não é só de certas pessoas
de que tenho saudades, também as
tenho desse tempo em que os grandes
escritores (?) também eram grandes
em coragem e ousadia... Um bj.
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