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terça-feira, agosto 19, 2008

sinal da confirmação

a caminheira que há em mim foi, certo dia,
assaltada por credenciados turistas.
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cercaram-na de mapas para guardar. ilesos
de anotações e qualquer tinta.
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invejaram-lhe a resistência aos recuerdos
e às montras de ditos banais.
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cobiçaram-lhe a lisura de olhar e fala,
compasso olhando, ali, o longe.
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provocaram-lhe a indiferença impenetrável
ao voyeurismo
de marinas e outros cartões postais.
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dissimuladamente
mesmo antes de debandarem
morderam-lhe o cordão umbilical
de onde emana a grande memória. o desejar.
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depois, fugiram
acobardados com o falhanço
do intento desse assalto mal programado.
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a caminheira (que ali repousava)
da refrega só sentiu, por momentos,
o ar refrescando com a debandada.
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não percebeu porquê.
nem se interrogou.
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mais fresco e limpo, o ar
- todo o ar -
fez-lhe o sinal da confirmação.
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a caminheira que há em mim ergueu-se inteira.
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segue, ainda agora, a passo. em construção.
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maria toscano, Coimbra, 18 Agosto/2008

4 comentários:

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Podes continuar, e sei que continuarás caminheira de anotações outras....
Trazes outros sinais e com eles te ergues ao Alto, olhando de frente...
Gostei de te ler e saber ida de sul a nordeste...
abraço amigo !
Zé marto

emedeamar disse...

Bem Vindo! Oxalá esse caminho nos frutifique. Abraço!mt

Victor Oliveira Mateus disse...

Pois... eu vim logo a correr, para "ver" o que tu disseste, só
que dei de caras com este poema...
Uff! Excelente texto!...

emedeamar disse...

vocêses tratam-me tão bem que ainda vou ter de moderar os V. comentários porque são... construtivos.
Exagerado, Vitor! Mas MUITO GRATA TE ESTOU PELA TUA VISITA! Abraço!mr

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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