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quinta-feira, novembro 06, 2008

a resignação vem com a cegueira dos sentidos ?

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no dia em que me esqueça desse Maio
com o qual me conformei a ser da terra
desde onde me insurjo, casa térrea
e brasa,
donde me ergo
inclusivé,
quando o sei
no dia em que me não lembre jamais
do braseiro do braço a mim abraço
do conforto endiabrado em cintura
colo carmim ancas de suco. mel
virilha assim no dia
em que de vez
perca a memória dos líquidos tais
dos acres e dos outros leites
mansos
no dia em que talvez nem o artigo
iluda forças convexas e as de concha
no dia em que tudo seja banal
o cheiro da almofada, o pó da sala
a cinza com cigarros que recuso
o copo onde bebemos
a saudade
o lençol resguardando as apetências
e uma volta na chave que vou dar
nesse dia sem sombras
pois sem luz
banhado pela cegueira dos sentidos
asseguro-te:
podes, por fim, esperar
de mim
a resignação.
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maria toscano,
Coimbra, 6 /Nov/2008

2 comentários:

Anónimo disse...

Apesar das belas palavras,
espero que esse dia nunca chegue.

Para que o seu expressar permaneça livre.

Obrigado!

emedeamar disse...

Caro Vicente Ferreira da Silva: Grata fico pelas suas palavras e pela sintonia que expressa - nestes tempos em que ser "positivo" é ser conformista, já vai sendo menos fácil que "resignação" signifique... "resignação"
Grata, mt

já de abalada? ande cá! corra a cuartina de riscas e sente-se aí no mocho (no canapé? é melhor nã, nã seja que as preguetas lhe dêem cabo da roupa).
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faz calôrê nã? é tempo dele! no cântaro hai água fresquinha! e se quiser entalar alguma coisaaaa... a asada das azeitonas está chêinha, no cesto hai bobinha e papo-secos (com essa chôriça... ou com o quêjo de cabra, iiiisso!, nessa seladêra de esmalte!);
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chegue-se à mesa! - cuidado não lhe rebole a melancia para cima dos dedos do péi... assim... - entã nã se está melhórê?
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nã, nã, agora nã vai máinada! estou a guardar-me pra logo... ora na houvera de sêri! ah! já lhe dê o chêro! pois é: alhos e coentros e um nadica de vinagrê... vem aí do alguidar de barro... sim, sã nas carnes prá cêa.
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como nã sê o que o trouxe cá, forastêro, ‘stêja nesta sulmouradia como à da sua: pode ir mirando os links ("do monte"; "olivais..."; "deste planAlto..."; estas é que são...") os montes de que gostamos; pode ir vendo os posts por data ou esprêtando as nossas etiquêtas
("portados"); ou pode ir passando os olhos só pelos mais recentes.
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ah! repare lá que por estes lados nã temos o hábito de editarê todos os dias - não é um blogue-diário, 'tá a vêri?; pensámo-lo antes como sendo uma espécie de blogue-testemunho das vozes do Sul (o de cá e os Suis todos); mas temos ainda muito qu'arengar... vamos lá chegando, n'éi? devagarê, que o sol quêma!
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