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1.
posta a minha mão na
tua
aceno, à gratidão,
com a outra.
acedo à compaixão.
assumo a pausa
de onde retomo clemência e força.
posta a minha mão na
tua
resguardo a
prudência e o encantamento
reponho a claridade
na sombra
reacendo utopia e
coragens
e, entre ambas as
peles, confiada,
entranho o mais
solene sentimento.
dadas ambas as mãos,
é de alegria
o finíssimo hiato
que as une.
a dádiva traz estas
subtis coisas
e, grata,
aconchega-nos em mãos.
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maria toscano.
Coimbra, Café 'Trianon', 2 Janeiro / 2012.
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2.
podia ser um canto um toque um traço
pequenas volições em folhas de árvores
ponte de asas o voo das andorinhas
passinhos em desequilíbrio à mão de um pai
ou só mesmo um luar no frio do céu.
podia ser aquele batimento
oscilante, a melodia em tal metal
podia apenas ser um rosto intenso
o pestanejar do dia a começar
um esboço talhado na pedra branca
— ou essa mesma pedra. branca. só.
podia ser e pode, sempre que o sejas:
em cada inspiração que te alimenta
dás corda ao coração, ao que resiste
e inscreves, gesto a gesto, a criação.
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maria toscano.
Coimbra, Café Trianon.
2 Janeiro/ 2012.
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